Ações Regressivas do INSS: O Impacto do não recolhimento das alíquotas de aposentadoria especial, acidentes e doenças ocupacionais nas empresas

Share on facebook
Share on linkedin
Share on whatsapp

As ações regressivas propostas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra empresas têm ganhado relevância nos últimos anos, principalmente diante do aumento dos custos com benefícios previdenciários decorrentes de acidentes e doenças do trabalho. Essas ações têm como objetivo ressarcir os cofres públicos pelos valores pagos aos segurados em decorrência da omissão das obrigações legais por parte das empresas, especialmente o não recolhimento das alíquotas destinadas à aposentadoria especial e ao financiamento de benefícios decorrentes de acidentes de trabalho (SAT/GILRAT).

O Que é a ação regressiva?

Prevista no art. 120 da Lei 8.213/91, a ação regressiva permite ao INSS (por meio da AGU) propor cobrança contra empresas que cometeram negligência em segurança do trabalho, resultando em acidentes ou doenças ocupacionais e posterior concessão de benefício previdenciário. Não é opcional: é um dever legal da autarquia Serviços e Informações do Brasil+13JusBrasil+13JusBrasil+13.

Mesmo com o recolhimento do SAT (Seguro de Acidente do Trabalho), a empresa pode ser responsabilizada — a contribuição não exime de culpa por negligência Serviços e Informações do Brasil+2JusBrasil+2Tramitação Inteligente+2.

Como funciona a ação regressiva

A ação regressiva ocorre quando o INSS, após conceder um benefício previdenciário (como auxílio-doença acidentário, aposentadoria por invalidez ou pensão por morte), identifica que a empresa foi negligente na proteção da saúde e segurança do trabalhador. Quando comprovada a omissão, a empresa é processada judicialmente para reembolsar os valores pagos ao segurado.

Além da omissão quanto à proteção, um erro recorrente é o não recolhimento correto das alíquotas adicionais de 6%, 9% ou 12% de aposentadoria especial, conforme o grau de exposição a agentes nocivos.

Como o INSS e Receita Executam?

  • Investigação por perícia médica do INSS, detectando indícios de negligência, fraude na emissão de PPP ou inconsistências no LTCAT.
  • Com base em CATs, autos de infração, relatórios do Ministério do Trabalho e inquéritos do MPT, levanta-se a ação judicial Savere Organização ContábilAgência Gov.
  • A AGU ajuíza as ações regressivas na Justiça Federal, cobrando custos já pagos (benefícios vencidos) e os vincendos (futuros), com juros e correção monetária, geralmente por até cinco anos anteriores à concessão do benefício (prescrição quinquenal) legisweb.com.br+15suframa.gov.br+15Serviços e Informações do Brasil+15.

Dados e estatísticas relevantes

Em 2023, o INSS, em conjunto com a Receita Federal, intensificou a cobrança dessas ações. De acordo com dados públicos da Procuradoria-Geral Federal (PGF), foram ajuizadas mais de 3.200 ações regressivas naquele ano, totalizando mais de R$ 1,2 bilhão em valores cobrados.

Um dos casos de maior repercussão envolveu uma grande indústria química, que foi condenada a pagar cerca de R$ 18 milhões por falhas sistemáticas em seu programa de prevenção e ausência de recolhimento das alíquotas especiais. A empresa deixou de implementar medidas de controle de exposição a agentes químicos, não atualizou o LTCAT e ignorou a necessidade de emissão correta do PPP.

  • Em abril de 2025, foram ajuizadas 104 ações regressivas, cobrando aproximadamente R$ 36,5 milhões das empresas negligentes com segurança do trabalho Agência Gov.
  • Ao longo de 2024, foram 205 ações com valor total de R$ 21,6 milhões, e em 2023, 171 ações cobraram R$ 14,3 milhões Agência Gov+1balera.com.br+1.
  • Um caso envolvendo um grande banco teve cobrança de R$ 629 mil, referente a 13 benefícios por doença mental ocupacional concedidos em uma agência Agência Gov.
  • Um caso específico em Blumenau: empresas como Prime Paraná, Posto Moretto e Ipiranga foram condenadas a ressarcir R$ 31.534,40 por morte causada por falhas em segurança e falta de treinamento adequado Serviços e Informações do Brasil.

Causas comuns de ações regressivas

As principais falhas que levam à ação regressiva incluem:

  • Ausência de recolhimento da alíquota adicional para aposentadoria especial.
  • Não emissão ou emissão incorreta do PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário).
  • LTCAT desatualizado ou inconsistente com as condições reais de trabalho.
  • Falta de gestão integrada entre os setores de RH, segurança do trabalho, jurídico e medicina ocupacional.
  • Terceirização da responsabilidade sem o devido acompanhamento técnico.

Responsabilidade e prevenção

A responsabilidade pelo correto recolhimento das alíquotas e manutenção das condições seguras de trabalho é da empresa. No entanto, o papel da consultoria em segurança do trabalho é fundamental para auxiliar a organização na identificação de riscos, atualização de documentos legais e na capacitação de equipes.

O consultor independente de SST (Saúde e Segurança do Trabalho) atua como ponte entre a empresa, a consultoria de medicina ocupacional e o jurídico, prevenindo passivos trabalhistas e previdenciários.

Impacto para o trabalhador

O trabalhador que atua em condições especiais e não tem as alíquotas corretamente recolhidas pode perder o direito à aposentadoria especial. Isso representa uma injustiça social e um passivo que pode ser revertido contra a empresa futuramente.

Essa falha geralmente é detectada pelo cruzamento de informações no e-Social, LTCAT, PPP e laudos técnicos. Quando a documentação não é coerente ou está ausente, a empresa torna-se vulnerável.

Exemplo de cálculo de alíquotas

Suponha um trabalhador com exposição risco grave (12%) e salário de R$ 3.000:

  • Alíquota especial: 12% sobre este salário → R$ 360/mês.
    Para 10 trabalhadores com salários diversos (R$ 3.000, R$ 2.500, R$ 4.000 etc.), o grupo pode chegar a recolhimento mensal de cerca de R$ 3.200 a R$ 4.000. No ano, isso representa aproximadamente R$ 38.000 a R$ 48.000. A omissão geraria cobrança retroativa sobre todo período trabalhado, com juros e correção.

Em contraste, o adicional de insalubridade é calculado apenas sobre os últimos cinco anos, enquanto a aposentadoria especial é calculada sobre todo o período trabalhado.

Como a Empresa pode se proteger

  • Realizar avaliações ambientais periódicas.
  • Atualizar e manter o LTCAT e PPP conforme as exposições reais.
  • Integrar a atuação entre os setores de RH, jurídico, medicina ocupacional e segurança.
  • Investir em consultoria especializada e auditorias preventivas.
  • Treinar líderes e gestores quanto às responsabilidades legais.

Custo x Benefício: Investir em segurança vale a pena

Para pequenas e médias empresas, o investimento em um programa de SST bem estruturado pode representar uma economia considerável. Estima-se que, para cada R$ 1,00 investido em prevenção, podem ser economizados até R$ 4,00 em custos com afastamentos, indenizações e ações regressivas.

Por exemplo, uma empresa de médio porte do setor metalúrgico, ao implementar um programa de prevenção de ruído ocupacional, reduziu em 80% os afastamentos por perda auditiva e economizou cerca de R$ 250 mil por ano, apenas com redução de passivos previdenciários.

A Importância do Técnico de Segurança do Trabalho e do Consultor Independente

É fundamental entender que o Técnico de Segurança do Trabalho não substitui a medicina ocupacional, mas atua em sinergia com ela. Um profissional de SST identifica riscos, implementa melhorias, verifica a eficácia das ações preventivas e prepara a empresa para auditorias e fiscalizações.

Ao contar com um consultor independente, a empresa ganha:

  • Visão externa e imparcial dos riscos.
  • Atualização constante sobre mudanças na legislação.
  • Melhoria na documentação técnica e nos indicadores de segurança.
  • Redução de passivos e maior segurança jurídica.
  • Planejamento estratégico em SST alinhado ao compliance corporativo.

Conclusão

As ações regressivas do INSS são um alerta claro de que a negligência com a saúde e segurança do trabalhador tem custo alto. Não se trata apenas de cumprir a legislação, mas de proteger vidas, manter a produtividade e assegurar a sustentabilidade financeira da empresa. Contar com um consultor independente e qualificado em SST é um investimento estratégico, não um custo.

Texto: Antonio Lopes

Imagem: Criada por Inteligência Artificial – IA