Exposição à sílica, acidentes por esmagamento, cortes e mutilação, ruído e vibração, problemas ergonômicos marcam o setor e exigem medidas preventivas.
Os riscos do setor de beneficiamento de mármores e granitos e a importância de medidas preventivas estão em foco em artigo publicado por pesquisadores da Fundacentro. O Brasil possui uma das maiores reservas de rochas ornamentais do planeta e exporta, principalmente para os Estados Unidos, além de países da Europa e da Ásia. As principais jazidas estão localizadas nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e Ceará.
Além de traçar um panorama do setor no Brasil, o texto – O beneficiamento de mármores e granitos e seus desafios sob a ótica da prevenção – aborda os riscos presentes e as legislações a serem seguidas no âmbito da segurança e saúde no trabalho.
Acidentes e adoecimentos
Um dos principais riscos da área é a presença de poeira, na sua forma cristalina, após a operação de beneficiamento. Tanto que a Portaria 43/2008, do Ministério do Trabalho e Emprego, estabeleceu a obrigatoriedade do trabalho a úmido.
A inalação crônica da poeira pode causar silicose, tipo de pneumoconiose incurável, “causada pela inalação de finas partículas de sílica cristalina e caracterizada por inflamação e cicatrização em forma de lesões nodulares nos lóbulos superiores do pulmão”. Esse adoecimento leva ao endurecimento pulmonar, dificulta a respiração e pode causar a morte. Também podem ocorrer silicotuberculose, limitação crônica ao fluxo aéreo, doenças autoimunes, proteinose alveolar e câncer de pulmão.
Outros riscos presentes são de acidentes por esmagamento; cortes e mutilação de membros superiores, principalmente mãos/dedos; choque elétrico; altos níveis de ruído e vibração. A causa desses problemas pode ser falta de manutenção adequada nos maquinários e a existência de equipamentos obsoletos e sem dispositivos adequados de proteção em sua operação. Para prevenir choques elétricos, máquinas e equipamentos devem estar devidamente aterrados.
Os riscos ergonômicos também fazem parte da realidade desses trabalhadores uma vez que o manuseio de blocos de mármore e granito exige grande esforço físico. As atividades de movimentação e transporte das cargas envolvem movimentos repetitivos e levantamento de peso excessivo, deixando-os susceptíveis a lesões musculoesqueléticas, como tendinites, lesões nos ombros ou problemas na coluna.
Prevenção
Os autores destacam a importância de se levar em conta as recomendações da NR-17 (Ergonomia). Em relação à transporte e movimentação das placas de mármores e granitos, os procedimentos estabelecidos na NR-11 (Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais) devem ser seguidos. Para a questão de limites de tolerância, aplicam-se NR 15 (Atividades e Operações Insalubres) e anexos.
“As discussões abordadas neste artigo perpassam aspectos da saúde do trabalhador, estando também relacionadas a problemas ambientais, uma vez que o pó gerado nas operações de beneficiamento de granitos pode se espalhar pelo ambiente, causar poluição atmosférica e efeitos nocivos para a comunidade e vizinhanças”, apontam os autores.
“Medidas como a adoção de trabalho a úmido, gestão correta de resíduos e a adoção de máquinas e equipamentos modernos podem colaborar para a redução desse impacto com consequente melhoria nas condições de trabalho”, completam.
Autores
O artigo, publicado na Recima 21- Revista Científica Multidisciplinar, tem autoria dos tecnologistas Flavio Maldonado Bentes, Maria de Fátima Torres Faria Viegas e Antonio Lincoln Colucci (aposentado) e do analista em ciência e tecnologia Emerson Moraes Teixeira.
Os profissionais atuam na unidade da Fundacentro do Rio de Janeiro, onde desenvolveram estudo sobre o setor de beneficiamento de mármores e granitos, que resultou em seminários, cursos, palestras e ações conjuntas com entidades parceiras, como a Superintendência Regional de Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro – SRTE/RJ e sindicatos.
Texto: Cristiane Oliveira Reimberg
Fonte: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/comunicacao/noticias/noticias/2025/junho/artigo-aponta-riscos-do-beneficiamento-de-marmores-e-granitos