Casos na extração de pedras naturais também são denunciados em documentário
A questão da silicose, doença pulmonar irreversível causada pela exposição a finas partículas de sílica, está em pauta no documento da Comissão de Doenças Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) – Alerta: Silicose em Trabalhadores de Pedras Artificiais: ressurgimento de casos graves! – da engenheira e higienista ocupacional, Berenice Goelzer.
“Nós resolvemos fazer um pequeno texto do original, no formato de alerta, adequando para questão de exposição de trabalhadores da construção civil com relação à utilização de pedras artificiais, hoje em dia, muito na moda para a utilização de bancadas em banheiros, cozinhas. São pedras muito bonitas do ponto de vista estético, mas muitas delas contêm uma quantidade imensa de sílica cristalina, porque elas são formadas a partir de sílica finamente moída junto com resinas e outros químicos”, explica pesquisador sênior da Fundacentro, Eduardo Algranti.
Segundo o especialista, no Brasil, o uso dessas pedras tem aumentado gradativamente, ao contrário, do hemisfério norte, onde o uso tem sido grande. Um dos motivos é o fato de o país ter a disponibilidade de pedras naturais, esteticamente bonitas. Atualmente a Espanha e China são os principais fabricantes de pedras artificiais.
“De qualquer forma, esse alerta é importante porque temos visto diversos relatos de grupos de trabalhadores afetados gravemente pela exposição à sílica, que levou inclusive ao banimento de pedras artificiais na Austrália a partir do início de julho. Esse alerta serve para todos nós tomarmos conhecimento do problema e ficarmos atentos a eventuais casos que possam aparecer”, conclui Algranti.
A Fundacentro realizou vários estudos sobre silicose e chegou a ter o Programa Nacional de Eliminação de Silicose (Pnes) até 2019, coordenado por Eduardo Algranti. Médico pneumologista, ele é um dos idealizadores do Alerta da SBPT, feito a partir de texto da engenheira e higienista ocupacional, Berenice Goelzer, que atuou na Fundacentro e na Organização Mundial da Saúde (OMS).
Documentário
Já o documentário ABAIXO DA SUPERFÍCIE: Morte silenciosa na indústria de pedras, lançado pela Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM), em 7 de outubro, Dia do Trabalho Decente, traz a realidade brasileira de trabalhadores da indústria de pedras (naturais), a partir do caso do Espírito Santo. São relatos de ex-operadores, médicos e sindicalistas sobre o risco de silicose e a negligência das empresas em relação à saúde de seus funcionários.
Muitos trabalhadores relatam ter descoberto a doença quando as sequelas já eram irreversíveis. Entre os sintomas, estão cansaço excessivo, dificuldade para respirar e tosse persistente. O filme foi realizado com cooperação Netherlands Trade Union Confederation (FNV) e apoio Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Extrações, Beneficiamento e Comércio de Mármore, Granitos e Calcário do Estado do Espírito Santo (Sindimármore).
Fonte: Fundacentro.gov.br
Foto: Dezeen